terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Esmaltes podem causar câncer?


Pesquisa da PROTESTE analisou 12 esmaltes: apenas cinco são livres de componentes nocivos à saúde. Saiba mais!


PROTESTE detectou substâncias nocivas em esmaltes de marcas brasileiras
A Associação Brasileira de Defesa do Consumidor, PROTESTE, divulgou na última semana uma pesquisa um tanto alarmante: ao analisar 12 esmaltes das três marcas mais vendidas no país (Colorama, Risqué e Impala), detectou que sete deles contêm substâncias nocivas à saúde. Uma, inclusive, é proibida na Europa.
No Brasil, porém, a história é outra: a legislação sequer cita esses componentes e na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) não há regulamentação sobre eles. "Os fabricantes estão de acordo com a lei, mas como existem testes na Europa sobre o risco desses produtos, resolvemos analisar e solicitar à Anvisa que revise essa legislação", explica Carlos Comfort, técnico da PROTESTE, de São Paulo.

Mas que componentes são esses?

Entre os componentes nocivos à saúde, considerados cancerígenos na Europa, estão o nitrotoluene, o tolueno e o furfural. Além deles, há o dibutylftalato, que tem seu uso proibido em cosméticos do continente europeu.

Eles fazem mal mesmo?

A pesquisa da PROTESTE não apresenta casos reais de pessoas que foram prejudicadas por esses componentes. Mas Carlos avisa que o uso contínuo pode, sim, causar reações. "Nessa concentração, os produtos não são cancerígenos, mas se usar toda semana, em longo prazo, a pessoa pode ter reações, como desenvolver alergias, irritações ou coisas mais sérias".
"Conforme o tipo de contato, as reações a essas substâncias mudam: no caso de inalação, por exemplo, pode irritar o nariz, olhos e aparelhos respiratórios. Em contato com a pele, pode causar dermatites e irritações", conta a dermatologista Sara Bragança, do Rio de Janeiro, membro da Sociedade Brasileira de Medicina Estética.
Os esmaltes clarinhos e transparentes foram o foco da pesquisa

Como foi o teste?

A PROTESTE avaliou 12 esmaltes de tonalidades claras e transparentes, que são preferência das mulheres e definiu os resultados (de muito bom a ruim) de acordo com a qualidade da informação e da exposição de informações no rótulo, da fixação do esmalte após quatro dias, do tempo de secagem, cremosidade, homogeneidade e brilho do esmalte, e da composição.

O resultado alarmante vem da composição!

O que alarmou os especialistas da PROTESTE foi a composição dos esmaltes. No que diz respeito a ela, no estudo, foram aprovados apenas os esmaltes da Colorama e os hipoalergênicos da Risqué. Já a bronca da Associação foi para:
· As tonalidades Blanco Puríssimo, Paris e Renda, da Risqué, por terem nitrotoluene, e tolueno em quantidades próximas, ou no limite permitido pela Comissão Europeia. Segundo a Risqué, porém, não há perigo em seus produtos: "Todos os itens da linha têm registros de produtos válidos na Anvisa e cumprem todas as determinações das legislações brasileiras. A Proteste utiliza a legislação europeia para fazer análise dos produtos e não a brasileira, e nem a americana, que é similar a nossa", divulgou a marca em nota oficial.
· As tonalidades Branco, Branco Hipoalergênico, Cigana e Top Blanc, da Impala. A justificativa da Associação é que a marca coloca dibutilftalato na fórmula, inclusive nas versões hipoalergênicas. Segundo o laboratório da Impala, porém, "todos os itens da linha hipoalergênica possuem testes clínicos de sensibilização cutânea e fotoalergia e seguem estritamente a regulamentação da Anvisa". Já para o uso de bibutilftalato, a Impala informa que o componente "tem seu uso permitido em esmaltes no Mercosul".

E agora?

A PROTESTE enviou a pesquisa à Anvisa e aguarda análise do órgão sobre possível mudança na regulamentação brasileira de cosméticos. "É importante lembrar, porém, que ainda não está muito claro qual a concentração e quanto tempo de contato deve haver para que ocorra o risco de câncer. De qualquer maneira, é melhor procurar esmaltes que não contenham essas substâncias e deixar as unhas descansarem por períodos sem esmaltes ou bases", conclui a dermatologista Sara Braganca. Para não errar, olhe sempre no rótulo das embalagens!

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